Obesidade infantil: riscos e prevenção

obesidade infantil

 

Autora: Dra. Fernanda Lopes, endocrinologista pediátrico

 

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A obesidade infantil é um problema de saúde bastante preocupante no Brasil e no mundo. Nos últimos anos, vem ocorrendo um aumento de casos de crianças e jovens com sobrepeso.

Estar acima do peso vai muito além da questão estética. No futuro, é comum que crianças com obesidade desenvolvam doenças crônicas, além da baixa autoestima.

A seguir, conheça melhor as causas da obesidade infantil, como é feito o diagnóstico e formas de tratamento.  

 

O que é a obesidade infantil?  

A obesidade infantil pode ser definida como o excesso de tecido adiposo no corpo de crianças e adolescentes, o que causa aumento de peso. O método mais amplamente aceito para rastreamento de adiposidade excessiva é o cálculo do índice de massa corporal (IMC).  

O IMC é calculado dividindo o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em m), de acordo com a seguinte fórmula: IMC = peso / (altura x altura). 

Geralmente, a criança de torna obesa quando, com frequência, a ingestão de calorias é maior que o gasto de energia.  

Vale destacar que a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera a obesidade infantil uma doença crônica, que precisa de acompanhamento e tratamento.  

 

Possíveis causas da obesidade infantil  

A obesidade infantil é considerada multifatorial, ou seja, pode ocorrer por questões genéticas, comportamentais e ambientais.  

Entre as principais causas, estão:

  • Dieta inadequada: consumo em excesso de alimentos ricos em calorias, gorduras e sódio, como fast food, bebidas açucaradas e ultraprocessados. Além disso, o consumo de frutas e vegetais é limitado. 

  • Sedentarismo: a falta de atividade física contribui com o excesso de peso.  

  • Questão genética: a predisposição genética influencia a obesidade. 

  • Ambiente e hábitos alimentares: a rotina pouco saudável de pais e cuidadores promove o consumo excessivo de calorias e o sedentarismo. 

  • Fatores socioeconômicos: famílias com pouca renda podem ter menos acesso a alimentos saudáveis.  

  • Sono inadequado. 

  • Problemas emocionais, como depressão e ansiedade infantil.  

 

Importância da introdução alimentar na primeira infância  

A introdução alimentar é a fase em que o bebê começa a consumir outros alimentos, além do leite materno. A recomendação é que ocorra a partir do sexto mês de vida. 

Neste momento, é fundamental que a criança receba uma variedade de alimentos nutritivos para que já seja influenciada a realizar escolhas mais adequadas durante a adolescência e fase adulta.  

Os pais devem aproveitar este momento para ensinar a criança a se alimentar de forma saudável, evitando excessos alimentares e aprendendo mais sobre a saciedade.  

É fundamental que a criança receba alimentos naturais, como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras. Essa estratégia contribui para que ela desenvolva um paladar para alimentos nutritivos e ricos em fibras, vitaminas e minerais. 

Além disso, os pais devem limitar o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcares, gorduras saturadas e aditivos. Esses itens, a longo prazo, contribuem para o ganho de peso excessivo. 

Também é importante criar rotinas de horários para realizar a alimentação e evitar o consumo excessivo de lanches não saudáveis entre as refeições. 

Vale ressaltar que a introdução alimentar deve ser realizada de forma gradual, respeitando sempre as preferências e o desenvolvimento da criança.  

 

Doenças causadas pela obesidade infantil  

A obesidade infantil contribui com diversos problemas de saúde. Entre elas estão:  

  • Diabetes tipo 2; 

  • Doenças cardiovasculares, como hipertensão, colesterol alto e problemas cardíacos;  

  • Síndrome metabólica;  

  • Problemas respiratórios, como asma ou apneia do sono;  

  • Problemas na articulação;  

  • Acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática);  

  • Baixa autoestima, depressão e ansiedade.  

  • Alguns tipos de câncer.

 

 
Diagnóstico da obesidade infantil  

Não há um exame específico para diagnosticar a obesidade infantil. De forma geral, é realizada uma avaliação clínica e do histórico médico e familiar da criança.  

Em seguida, o profissional avalia os hábitos alimentares e estilo de vida do indivíduo. Além disso, deve checar como está o crescimento e desenvolvimento da criança e problemas de saúde.  

Durante a consulta, o médico avalia o peso, altura, IMC e a circunferência da cintura da criança para determinar se ela está abaixo do peso, com o peso normal, sobrepeso ou obesidade. Também avalia a pressão arterial e faz uma busca ativa por sinais de resistência à insulina durante o exame físico.  

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Formas de prevenir a obesidade em crianças e adolescentes  

A obesidade em crianças e adolescentes pode ser prevenida com mudanças de hábitos no dia a dia. Veja abaixo algumas estratégias que podem ser eficazes.  

  • Manter uma dieta equilibrada: garantir que a criança consuma frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e laticínios com baixo teor de gordura. Por outro lado, limitar o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, gorduras e sódio. 

  • Estabelecer horários para realizar as refeições principais e intermediárias. 

  • Estimular a prática de atividade física e incentivar a criança e jovem a ser ativa diariamente.  

  • Limitar o tempo de tela, como tablets, celulares e TV.  

  • Sempre que possível, cozinhar em casa para ter controle dos ingredientes usados e porções consumidas.  

  • Evitar repetições e servir grandes porções para crianças. 

  • Garantir que a criança tenha um sono de qualidade.  

  • Realizar o acompanhamento médico regular para monitorar o crescimento e desenvolvimento da criança.  

 
Tratamento da obesidade infantil  

O tratamento da obesidade em crianças e jovens inclui abordagens com diversos profissionais de saúde, como nutricionistas, endocrinologistas, pediatras, nutrólogos e psicólogos.  

Durante a consulta, é importante que seja avaliada a gravidade da obesidade e as possíveis causas para que seja recomendado um tratamento individualizado.  

De forma geral, é recomendável adequar os hábitos alimentares, aumentar a atividade física, ter um apoio emocional – que muitas vezes inclui terapia - e realizar acompanhamento médico. Em alguns casos, a terapia medicamentosa para obesidade pode ser necessária.  

É fundamental que sejam estabelecidas metas realistas tanto em relação a perda de peso quanto as mudanças de estilo de vida.  

O apoio da família também é importante para que sejam realizadas as alterações necessárias na rotina, criando um ambiente mais saudável para a criança e jovem com obesidade. 

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